Novo site do grupo de pesquisa

A partir de agosto de 2015,  nosso grupo de pesquisa tem um novo nome, uma nova proposta e um novo site!

http://dialogo.fflch.usp.br/

Sediado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, o grupo é fruto de uma parceria entre professores, pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação de universidades brasileiras e estrangeiras. Liderado pelas professoras Sheila Vieira de Camargo Grillo (USP) e Flávia Sílvia Machado (Université de Poitiers), o objetivo principal do blog é registrar as atividades de pesquisa do grupo, como a discussão em torno de textos e artigos de autoria dos membros pesquisadores e estudantes.

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CRONOGRAMA 2o SEMESTRE 2015: GRUPO DE PESQUISA TEORIA BAKHTINIANA (GEDUSP / CNPQ)

03/agosto/2015 – Conferência”Um olhar bakhtiniano para a problemática do corpus digital”.Conferencista: Profa. Dra. Flávia Sílvia Machado (Université de Poitiers). A conferência será aberta ao público em geral e acontecerá a partir das 16h, na sala 261 da Faculdade de Letras (FFLCH – USP). Maiores informações: https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2015/06/24/conferencia-no-dia-3-de-agosto-um-olhar-bakhtiniano-para-a-problematica-do-corpus-digital-com-a-profa-dra-flavia-silvia-machado-universite-de-poitiers/ 

15/setembro/2015 – Discussão sobre a tradução e textos introdutorios da obra “Marxismo e Filosofia da Linguagem” com as tradutoras: Profa. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo e Profa. Dra. Ekaterina Volkova Americo.

20/outubro/2015 – Discussão de artigo apresentado pelo Dr. Luiz Rosalvo Costa.

17/novembro/2015 – Última reunião do ano – discussão de cronograma do grupo para 2016.

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Conferência no dia 3 de agosto “Um olhar bakhtiniano para a problemática do corpus digital” com a Profa. Dra. Flávia Sílvia Machado (Université de Poitiers)

Um olhar bakhtiniano para a problemática do corpus digital
 
Conferencista: Profa. Dra. Flávia Sílvia Machado (Université de Poitiers)
Os enunciados digitais nativos, que foram produzidos diretamente na internet, apresentam uma série de desafios aos analistas do discurso de diferentes filiações teóricas. Sob a luz da teoria bakhtiniana, pretendemos debater algumas problemáticas imanentes do enunciado digital para os processos de seleção e recorte do corpus. Dentre as inúmeras questões teórico-metodológicas que se impõem ao tratamento do corpus digital, destacamos: (1) De que forma a conclusibilidade do enunciado digital é afetada pela acessibilidade ilimitada e grande potencialidade responsiva do meio digital? (2) Como apreender o contexto imediato dos enunciados em um meio líquido e de atualização constante? (3) Quem são os sujeitos do enunciado digital e como se dá a relação entre eles? (4) Como representar ocorpus digital em nossas análises?
A conferência acontecerá no dia 03/08/15, 16h,  na sala 261 da Faculdade de Letras (FFLCH – USP).
Não é necessário se inscrever antecipadamente.

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Terceira reunião do subgrupo de pesquisa bakhtiniana da USP discute o conceito de “destinatário”.

Inti Queiroz e Arlete Fernandes Higashi

O terceiro encontro do ano do subgrupo de pesquisa bakhtiniana da USP, grupo Teoria Bakhtiniana (GEDUSP/CNPq), foi realizado no dia 08 de maio de 2015 sob a coordenação da Profa. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo, com a presença dos pesquisadores Arlete Fernandes Higashi, Inti Anny Queiroz, Luiz Rosalvo Costa e a pesquisadora convidada da Universidade de São Petersburgo, a Dra. Maria Glushkova que está desenvolvendo uma pesquisa de pós-doc no Brasil.

O foco da reunião foi a discussão do conceito teórico de destinatário, visando auxiliar a doutoranda Arlete Fernandes Higashi na escrita de um artigo sobre sua pesquisa. Utilizamos para a discussão os textos: A palavra na vida, a palavra na poesia de Valentin Volóchinov (1997 [1926]) e Os gêneros do discurso de Mikhail Bakhtin (2003 [1952 – 1953]).

Conduzida pela doutoranda Arlete, a discussão teve início com a observação de que, ao colocar em relevo a importância do outro em todo e qualquer tipo de comunicação discursiva, Bakhtin, Volóchinov e Medviédev apresentam em suas obras como correlatos à noção de destinatário os termos ouvinte, locutor, leitor, parceiro, contemplador, interlocutor e auditório social.

Dessa forma, a ideia que é retomada no texto de Volóchinov / Bakhtin (1997 [1926]) é a de que o direcionamento, o endereçamento do enunciado é sua peculiaridade constitutiva, sem a qual não há nem pode haver enunciado. Os diferentes modos de direcionamento e as diferentes concepções de destinatários são especificidades inerentes e determinantes na escolha dos gêneros do discurso.

Isso nos fez pensar na importância da noção de destinatário enquanto categoria analítica, pois, conforme exposto acima, o outro exerce uma influência decisiva na seleção do estilo, do conteúdo temático e da construção composicional, ou seja, no gênero do discurso.

Além disso, notamos que, para Bakhtin (2003), o enunciado se constrói levando em conta as atitudes responsivas do ouvinte/leitor, em prol das quais ele é criado. O falante ou escrevente não pressupõe ouvintes ou leitores passivos, mas participantes ativos da comunicação discursiva.

Ainda durante a discussão acerca da noção de destinatário, observamos, conforme Bakhtin afirmou, que “ao falar sempre levo em conta o fundo aperceptível da percepção do meu discurso pelo destinatário: até que ponto ele está a par da situação, dispõe de conhecimentos especiais de um dado campo cultural da comunicação, levo em conta suas concepções e convicções, os seus preconceitos (do meu ponto de vista) as suas simpatias e antipatias – tudo isso irá determinar a ativa compreensão responsiva do meu enunciado por ele”.

Essa ponderação nos remeteu ao texto de Volóchinov/Bakhtin, A palavra na vida e a palavra na arte, de 1926, no qual o foco incide na situação social que engendra o discurso verbal, seja ele inserido na vida ou na arte.

Assim, se, de um lado, a construção do enunciado é condicionada pelo destinatário, real ou presumido, de outro, o contexto mais imediato (e mais amplo) também influencia no projeto discursivo do falante/escrevente.

Para Volóchinov/Bakhtin esse contexto extraverbal do enunciado abrange três fatores: 1) o horizonte espacial comum dos interlocutores (a unidade do visível); 2) o conhecimento e a compreensão comum da situação por parte dos interlocutores; e 3) sua avaliação comum dessa situação. Segundo os autores russos, uma obra poética é um poderoso condensador de avaliações sociais não expressadas e são essas avaliações que organizam a forma artística enquanto expressão imediata. Entendemos que, no enunciado escrito, essas avaliações, assim como o contemplador, também são pressupostas pelo escritor, visto que ele trabalha o tempo todo em união com a simpatia, com a concordância ou a discordância de seus leitores.

Essas primeiras reflexões indicaram possíveis direcionamentos para a análise proposta pela doutoranda Arlete, a qual pôde contar ainda com importantes apontamentos dos demais integrantes do grupo, Inti, Sheila, Luíz e Maria.

Como se pode observar, a discussão realizada acima foi bastante profícua, pois (ainda que as ponderações dos estudiosos sejam direcionadas aos enunciados artísticos) ao estender as reflexões do Círculo para o objeto de estudo da pesquisadora Arlete, entendemos que o projeto discursivo da exposição Alertas no Museu Catavento parece levar em conta um destinatário determinado e inserido num contexto extraverbal socialmente definido.

Na próxima reunião do grupo em 12 de junho de 2015, discutiremos as versões finais dos artigos das doutorandas Arlete e Inti.

Discussões anteriores do grupo sobre os textos citados:

O Discurso na vida – outubro 2012.

https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2012/10/

Slovo v jizni i slovo v poesii (Questões de poética sociológica) – dezembro 2012

https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2012/12/

Referências bibliográficas:

BAKHTIN, Mikhail. “Gêneros do discurso”. IN: Estética da criação verbal. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003[1952-53]. p. 261-308.

VOLOCHINOV, V.; BAKHTIN, M.; O discurso na vida e o discurso na arte. Sobre poética sociológica. Trad. do inglês: Carlos Alberto Faraco e Cristovão Tezza, para fins didáticos.

VOLOCHINOV, Valentin Le discours dans la vie et le discours dans la poésie. In: TODOROV, Tzvetan Mikhaïl Bakhtine: le principe dialogique suivi de écrits du cercle de bakhtine. Paris: Éditions du Seuil, 1981. p. 181-215.

VOLOCHINOV, V. (BAJTÍN, M. M.). La palabra en la vida y la palabra en la poesía. Hacia una poética sociológica. In: BAJTIN, M. Mijail. Hacia una filosofía del acto ético y otros escritos. Barcelona/San Juan: Anthropos/Universidad de Puerto Rico, 1997, p. 7-81.

VOLOCHINOV, V. N. Slovo v jizni i slovo v poesii. In: Bakhtin pod máskoi. Moskva: Labirint, 2000. p.72- 94.

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Conceitos de “forma arquitetônica” e “autoria” em discussão na 1a Reunião de 2015 do subgrupo de pesquisa bakhtiniana da USP.

Inti Queiroz e Sheila Grillo

O primeiro encontro do ano do subgrupo de pesquisa bakhtiniana da USP, grupo Teoria Bakhtiniana (GEDUSP/CNPq), foi realizado no dia 06 de março de 2015 sob a coordenação da Profa. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo. Estavam presentes, além da coordenadora do grupo, os pesquisadores Arlete Fernandes Higashi, Inti Queiroz, Luiz Rosalvo Costa, Simone Ribeiro Veloso e a pesquisadora convidada da Universidade de São Petersburgo, a Dra. Maria Glushkova que atualmente está desenvolvendo uma pesquisa de pós-doc no Brasil.

Esta primeira reunião do ano tratou da discussão dos conceitos teóricos de autoria e forma arquitetônica no Círculo de Bakhtin. Utilizamos as leituras das obras: “O método formal nos estudos literários” (P. Medviédev) e “O problema do conteúdo, do material e da forma nos estudos literários” (M.M. Bakhtin). Os conceitos foram escolhidos visando não apenas ao retorno do grupo à discussão dos textos do Círculo, mas também a auxiliar na reflexão para a escrita de um artigo da estudante de doutorado Inti Queiroz.

Os conceitos supracitados foram anteriormente discutidos pelo grupo de pesquisa no ano de 2012, quando realizamos a primeira leitura em conjunto do texto “O problema do conteúdo do material e da forma nos estudos literários” (links para as discussões anteriores elencados no final deste artigo).

Ainda que deixemos de lado os debates sobre a autoria desses textos do Círculo e a suposta proximidade histórica de escrita , a leitura conjunta destas duas obras nos remete diretamente às reflexões sobre autoria. Não é nossa pretensão, neste momento, discutir a autoria das obras, porém, as diferenças de autoria e a historicidade de ambas são perceptíveis em cada uma de suas páginas e, de certo modo, chama atenção em nossas leituras.

É perceptível que o principal diálogo entre as duas obras é a abordagem crítica que ambas praticam ao que Bakhtin chama de estética material, isto é, o olhar dos formalistas russos para a criação artística.

Nesta breve reflexão, buscaremos trazer um pouco do que foi discutido em nossa reunião, visando especialmente a tratar dos dois conceitos presentes nestas obras: autoria e forma arquitetônica.

A condução da leitura das obras foi iniciada pela doutoranda Inti Queiroz que tratou do ponto central de debate sobre a crítica à estética material dos formalistas russos e como isso auxiliou aos dois teóricos, tanto Mikhail Bakhtin, quanto Pavel Medviédev em suas reflexões de construção das teorias do Círculo, em especial no que se refere aos conceitos teóricos em questão. A Prof. Dra Sheila Grillo completou as reflexões relativas às duas obras, buscando também a interação e participação dos outros membros do grupo de pesquisa. 

O problema do conteúdo, do material e da forma nos estudos literários – M. M. Bakhtin

Inti Queiroz

Para os formalistas russos, a análise estética da criação verbal deveria estar condicionada à análise técnica da linguística e à primazia do material. A proximidade com o futurismo e com o positivismo da época conduziram as reflexões dos formalistas russos da primeira fase a estabelecer a análise estética, em que o material, visto como motivação da criação artística, orientava a forma do objeto estético. A forma é compreendida como forma do material. Transforma-se em sua “ordenação anterior isenta de momento axiológico”.

Tanto Bakhtin quanto Medviédev buscaram desconstruir esta abordagem estética material e alguns dos conceitos que permeiam este debate são justamente os conceitos de forma arquitetônica e autoria. Para Bakhtin, a estética material não pode estabelecer a diferença essencial entre o objeto estético e a obra exterior, entre as ligações no interior do objeto, pois a todo o momento existe uma tendência a misturar estes elementos. Bakhtin evidencia que a análise estética deve ser orientada para o que representa a obra, para a atividade estética do artista e do expectador, contemplador. Essa análise deve levar em conta:

  • Objeto estético – conteúdo da atividade estética.

  • Objeto estético arquitetônico – estrutura puramente artística do objeto estético (singularidade da obra).

  • Obra na sua realidade original puramente cognitiva (científica) linguística e independente do objeto estético.

  • Obra exterior (material) – objeto estético a ser realizado como aparato técnico da realização estética.

Para proceder a análise estética, Bakhtin sugere a utilização do Método Teleológico que visa a compreender a obra exterior (material) e compreender a composição da obra (material / formal/ realização), isto é, compreender o conjunto de fatores da impressão artística e sua realização.

Por meio dos conceitos de forma composicional e forma arquitetônica, Bakhtin apresenta a visão do Círculo em relação à forma ainda na primeira parte do texto. Chama atenção sobre o gênero romance como uma possibilidade de forma arquitetônica da realização artística de um acontecimento histórico. Diferencia os dois tipos de forma com o exemplo de que o drama seria uma forma composicional, enquanto a trágico e o cômico seriam formas arquitetônicas. Com isso, busca comprovar que cada forma arquitetônica é realizada por meio de formas composicionais definidas.

São formas puramente arquitetônicas: o humor, a heroificação, o tipo, o caráter. São formas de gênero puramente composicionais: o poema, o conto, a novela, o lírico e o romance. São articulações puramente composicionais: o capítulo, a estrofe, o verso. O ritmo na poesia pode ser tanto uma forma composicional (como ordenação do material) quanto forma arquitetônica (controle emocional, o valor da aspiração e a tensão).

Bakhtin diz que as formas arquitetônicas são as formas dos valores morais e físicos do homem estético, as formas do acontecimento em seu aspecto de vida particular, social e histórico, são realizações e aquisições. São formas de existência estética na singularidade de uma obra. A forma arquitetônica escolhe uma forma composicional.

Na segunda parte da obra, trata do problema do conteúdo e logo na primeira página aborda a questão da cultura e do ponto de vista do autor como questões centrais de sua teoria. O ponto de vista do criador da obra artística, ou mesmo outro enunciado concreto de criação verbal, encontra justificação e fundamento apenas na interação com outros pontos de vista. É na fronteira dos enunciados, com outras esferas, outros discursos, outros interlocutores e em diálogo com outras unidades culturais, que a obra mostra de fato sua singularidade. A partir disso, a arte cria uma nova relação, uma nova axiologia com o que já se tornou realidade para o conhecimento (cognitivo) e para o ato (ético). Na obra de arte, o conteúdo se apresenta formalizado, isto é, conteúdo e forma se interpenetram, são indissolúveis para a análise estética. O artista deve ocupar uma posição estética em relação à realidade extraestética do conhecimento e do ato. Forma e conteúdo são dois sistemas axiológicos que se encontram numa interação essencial e axiologicamente tensa. O trabalho técnico desenvolvido pelo artista não pode aparecer na obra de arte. O processo de realização do objeto estético é um processo de transformação sistemática de um conjunto verbal compreendido linguística e composicionalmente no todo arquitetônico de um evento esteticamente acabado. As relações linguísticas e composicionais transformam-se em relações arquitetônicas extraverbais. Bakhtin diz que é importante compreender justamente a “originalidade do objeto estético”, isto é, a originalidade da ligação puramente estética dos seus elementos, da sua arquitetônica.

A forma deve ser tratada de duas maneiras:

  • A partir do interior do objeto estético puro, como forma arquitetônica axiologicamente voltada para o conteúdo.

  • A partir do interior do todo composicional e material da obra – estudo da técnica da forma realizada no material e determinada pelo objeto estético.

A forma arquitetônica também deve ser observada enquanto forma do conteúdo, com a unificação e organização dos valores cognitivos e éticos.

O autor-criador é um elemento / aspecto constitutivo da forma artística. Ocupa uma posição criativa / produtiva em relação ao material e ao conteúdo. Ele penetra no acontecimento isolado e nele se torna criador sem se tornar participante. Essa não participação na obra o torna autor.

O autor, como momento constitutivo da forma, é a atividade, organizada e oriunda do interior, do homem como totalidade, que realiza plenamente a sua tarefa. (…) A personalidade do criador é invisível e inaudível, mas é interiormente experimentada e organizada como uma atividade que se ouve, se move, se lembra, uma atividade não encarnada, que encarna, e em seguida já está refletida no objeto formalizado (p.68). O objeto estético é uma criação que inclui em si o criador, nela o criador se encontra e sente intensamente a sua atividade criativa. (…) (p.69).”

O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica – Pavel Medviédev

Inti Queiroz e Sheila Grillo

Na obra “O método formal nos estudos literários: introdução crítica a uma poética sociológica” (Trad. E. Vólkova e S.C. Grillo. SP: Contexto, 2012), aparecem os termos “construção arquitetônica”, “sentimento arquitetônico”, “arquitetônica” e apenas em uma passagem: na seção “As tarefas construtivas da arte”, p. 92, em que o autor faz uma revisão dos princípios do formalismo da Europa Ocidental. As expressões “construção arquitetônica” e “sentimento arquitetônico” estão em uma citação do teórico da arte e escultor alemão Adolfo Hildebrand, presente na obra “O problema da forma nas artes plásticas” (trad. Francesa “Le problème de la forme dans les arts plastiques”. Trad. E. Beaufils. Paris: L’Harmattan, 2002). A “arquitetônica” é a unidade construtiva da obra de arte em que a atividade artística prevalece sobre a imitação da realidade extra-artística. A “primazia da função construtiva” concebe a obra como uma totalidade autossignificante e construtiva que determina o modo da introdução do conteúdo objetivo (da realidade extra-artística) no seu interior. O termo “arquitetônica” não aparece mais em “O método formal”, mas as expressões “construção da obra poética” e “construção poética” ocorrem reiteradamente e parecem ser seus termos equivalentes. De acordo com o método sociológico, o meio/horizonte ideológico e a avaliação social são conceitos e princípios fundantes da construção da obra poética (ou da literatura).

Para Medviédev, a obra de arte deve ser vista como uma “totalidade fechada em si” e seus aspectos encontram significado no exterior da obra. Ele entende que a arquitetônica para Hildebrand representa a “unidade construtiva da obra”. Uma obra de arte “é parte de um espaço real e está organizada como uma unidade” e esta unidade é “autossignificante e construtiva”.

Em diversas partes do livro, Medviédev trabalha com a expressão “unidade de construção” referindo-se ao material construído e transformado e organizado formalmente em unidade poética por meio de questões sociais e históricas, como um acontecimento da comunicação social. Diz ainda que “O significado construtivo de cada elemento somente pode ser compreendido na relação com o gênero” (p.194). Chama atenção para a importância da dupla orientação do gênero na totalidade artística. Nesta dupla orientação, primeiro o gênero se orienta aos ouvintes e receptores em determinadas condições de realização e percepção do ato e em segundo plano, está orientada à vida, a partir de seu conteúdo temático. Uma orientação é determinada pela outra a partir de uma relação de interdependência indissolúvel. Pra ele, cada um dos Gêneros efetivamente essenciais são “um complexo sistema de meios e métodos de domínio consciente e de acabamento da realidade”. (p. 198)

A questão da autoria no livro de Medviédev é pensada em diversos pontos em diálogo com o conceito de avaliação social. Para ele é a avaliação social que atualiza o enunciado, que determina a escolha do objeto, da palavra, da forma, conteúdo e da combinação entre eles.  Ele diz que é a “avaliação social que organiza a comunicação” ainda que esteja diretamente ligada a um ser, é prioritariamente social e ideológica e será realizada no gênero. “O artista deve aprender a ver a realidade com os olhos do gênero” (p. 199). Medviédev compreende a importância da interação no processo de criação do enunciado e novamente aborda o gênero como ponto central dessa criação e interação quando fala que a escolha do gênero depende da “lógica social objetivo das inter-relações”. (p.220)

Debate sobre o tema

No debate sobre os textos selecionados, os participantes do grupo de pesquisa buscaram trazer contribuições para a reflexão partindo dos conceitos evidenciados, mas também relembrando outros textos do Círculo em alguns momentos. A professora Sheila, ao falar sobre o livro de Medviédev, ressalta a importância de percebermos a discussão e o diálogo com o formalismo ocidental quando ele fala do conceito de arquitetônica na página 92 da obra desse autor. Luiz Rosalvo fala da forma arquitetônica como percepção cultural e ideológica. Arlete relembra a questão da forma arquitetônica diretamente ligada ao conteúdo e aos valores. Simone, em diálogo com o grupo, fala da arquitetônica em dois níveis distintos porém em diálogo: o cultural, histórico e social, de um lado, e a singularidade da obra, de outro.

Após um exercício de reflexão, o grupo concorda que a forma arquitetônica é percebida num determinado enunciado a partir de um conjunto de percepções culturais, históricas, sociais, ideológicas, construída por uma forma composicional numa singularidade estética. Os valores ideológicos assumidos por um determinado autor, ao se apropriar de determinado material, organiza o transforma em uma obra com forma e conteúdo.

Discussões anteriores do grupo sobre os temas tratados:

O problema do conteúdo do material e da forma: https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2012/03/

Forma: https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2012/04/28/forma/

Forma composicional https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2012/04/

Forma arquitetônica: https://circulobakhtiniano.wordpress.com/2012/05/02/forma-arquitetonica/

Bibliografia:

BAKHTIN, M.M. O problema do conteúdo do material e da forma na criação literária. In: Questões de literatura e estética: A teoria do romance. São Paulo: Hucitec, 2010. p. 13 – 70.

BAKHTIN, M.M. Probliéma formy, soderjániia i materiála v sloviésnom khudójestvennom tvórtchestve. BOTCHAROV, S.G. NIKOLAEV, H. I. (Red.)Sobrárinie Sotchiniénii t. 1 Filosófskaia estétika 1920-kh godóv. Moskvá: Rússkie slovári/Iazyki slaviánskoi kultyry, 2003. p. 265-325.

BAKHTINE, M. Problème du contenu, du matériau et de la forme dans l’œuvre littéraire. In: Esthétique et théorie du roman. Trad. Daria Olivier. France: Gallimard, 2004 [1924], p. 21-82.

MEDVIEDEV, P. N. O método formal nos estudos literários. Introdução crítica a uma poética sociológica. Trad. Ekaterina A. . Vólkova e Sheila V..C. Grillo. S. Paulo: Contexto, 2012.

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ESFERAS IDEOLÓGICAS EM DEBATE: ÚLTIMO ENCONTRO DE 2014 DO SUBGRUPO DE PESQUISA TEORIA BAKHTINIANA

Por Urbano Cavalcante Filho

Sob a coordenação da Profa. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo, o subgrupo de pesquisa Teoria Bakhtiniana (GEDUSP/CNPq) se reuniu no dia 17/11/2014 para mais um encontro de estudo e trabalho. Estavam presentes, além da coordenadora do grupo, os pesquisadores Urbano Cavalcante, Artur Modolo, Arlete Fernandes Higashi, Inti Queiroz, Rafael Henrique Palomino e Anthéia Lígia.

O último encontro do grupo teve a pauta dividida em 3 momentos: 1) apresentação dos novos integrantes do grupo; 2) discussão do artigo do doutorando Luiz Rosalvo Costa; e 3) avaliação das atividades do grupo em 2014, acompanhada de encaminhamentos para 2015.

Os novos integrantes

Rafael Henrique Palomino e Anthéia Lígia são os novos integrantes do grupo apresentados pela profa. Sheila Grillo. Rafael é Doutor em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP de Araraquara e Anthéia é graduanda em Letras na USP e desenvolverá pesquisa de Iniciação Científica sob a orientação a profa. Sheila. O grupo dá as boas-vindas, agradece o ingresso e deseja uma participação bastante proveitosa aos novos membros do grupo.

Esferas ideológicas em debate

“A produtividade do conceito de esferas ideológicas para a análise do discurso de divulgação científica da revista Ciência Hoje” foi o artigo de autoria do doutorando Luiz Rosalvo Costa colocado em debate nesse último encontro. A fim de contribuir com a proposta do Luiz Rosalvo, dentre os principais aspectos do artigo apresentado, o grupo discutiu, destacou e problematizou a pertinência do tema, a excelente abordagem apresentada desse importante conceito bakhtiniano do Círculo de Bakhtin e a consistente análise dos enunciados de divulgação científica da referida revista. Um dos destaques foi feito pela profa. Sheila Grillo em relação à contribuição do trabalho no que concerne à questão de o artigo mostrar a presença da esfera política em enunciados de divulgação científica que, embora Luiz Rosalvo defenda que ela se dá de forma conjuntural na revista, amplia a abordagem tradicional referente à articulação das 3 esferas (educacional, midiática e científica) constituintes da divulgação científica. Outras considerações foram feitas pelo grupo no debate em relação, por exemplo, à extensão do artigo, à análise conjugando a teoria bakhtiniana com os estudos retóricos, ao gênero editorial como ‘lugar’ de divulgação científica, entre outras. Todas as questões permitiram uma reflexão colaborativa à proposta do artigo do Luiz Rosalvo.

Avaliação das atividades do grupo e encaminhamentos para 2015

Na terceira parte do encontro foi feita a avaliação das atividades do grupo no ano de 2014. Foi consensual a aprovação e produtividade da dinâmica adotada nesse ano, no que se refere à produção e discussão de artigos produzidos pelos pesquisadores com vistas à publicação em periódicos.

Como encaminhamento para o próximo semestre, ficou decidido que a dinâmica do grupo mesclará os dois modelos já trabalhados em anos anteriores: i) reuniões internas com discussão de temas específicos da teoria bakhtinana escolhidos previamente pelo grupo para aprofundamento da teoria e alicerce para a produção de trabalhos dos membro s do grupo; e ii) encontros ‘abertos’, com natureza de jornadas (‘Jornada do Grupo de Pesquisa da Teoria Bakhtiniana da USP’) para apresentações de trabalhos produzidos pelo grupo com a participação de um estudioso externo, para participação como palestrante, comentador e/ou leitor/avaliador dos trabalhos apresentados.

Provisoriamente, a programação para o ano de 2015 ficou assim estabelecido:

Encontro/Data Modalidade Atividade
Março(06/03/2015) Reunião Interna Tema do encontro: Autoria e forma arquitetônica no Círculo de BakhtinObras de base: “O método formal nos estudos literários” e“O problema do conteúdo, do material e da forma nos estudos literários”
Abril(10/04/2015) Jornada Apresentação do trabalho de Inti Queiroz com a participação de um estudioso externo (a definir)
Maio(08/05/2015) Reunião Interna Estudo teórico da teoria bakhtiniana (tema a definir)
Junho(12/06/2015) Jornada Apresentação do trabalho de Arlete F. Higashi com a participação de um estudioso externo (a definir)
Agosto Reunião Interna Estudo teórico da teoria bakhtiniana (tema a definir)
Setembro Jornada Apresentação do trabalho de Rafael Palomino com a participação de um estudioso externo (a definir)
Outubro Reunião Interna Estudo teórico da teoria bakhtiniana (tema a definir)
Novembro Jornada Apresentação do trabalho de Antheia Ligia com a participação de um estudioso externo (a definir)

 

A reunião finalizou com a profa. Sheila fazendo os seguintes informes:

  • Em 2015 dois membros do grupo realizarão Estágio de Pesquisa (Doutorado Sanduíche) no Exterior (França e Inglaterra).
  • Aprovação de Arlete Higashi e Inti Queiroz no Programa de Filologia e Língua Portuguesa.
  • Convite para a defesa da Tese de Doutorado de Luiz Rosalvo Costa, agendada para 10/12/2014.
GRUPO TEORIA BAKHTINIANA (GEDUSP/CNPq)

GRUPO TEORIA BAKHTINIANA (GEDUSP/CNPq): Luiz Rosalvo, Inti Queiroz, Arlete Higashi, Sheila Grillo (coordenadora), Urbano Cavalcante, Artur Modolo e Anthéia Lígia.

 

 

 

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VI ENCONTRO DO SUBGRUPO DE PESQUISA TEORIA BAKHTINIANA (GEDUSP/CNPq)

Por Urbano Cavalcante Filho

Sob a coordenação da Profa. Dra. e líder do subgrupo, Sheila Grillo, o encontro do grupo aconteceu no dia 15/09/2014, e contou com a presenta dos orientandos e pesquisadores Urbano Cavalcante Filho, Luiz Rosalvo Costa, Artur Modolo e Inti Queiroz.

A pauta principal desse V encontro foi a discussão da proposta de artigo de Inti Queiroz. Com a finalidade de discutir, aportada na teoria dialógica da linguagem do Círculo de Bakhtin, sobre a questão da autoria e da forma arquitetônica no gênero discursivo projeto cultural, Inti submeteu à apreciação do grupo seu texto intitulado “A criação no gênero do discurso projeto cultural: autoria e forma arquitetônica”. Neste escrito, a autora inicia sua reflexão com uma discussão sobre a produção cultural no Brasil, nos âmbitos federal, estadual e municipal, pontuando o aumento contínuo da produtividade do projeto cultural na esfera político-cultural no Brasil nos últimos tempos. No texto, a autora afirma que, para compreender melhor como funciona o processo de criação dos enunciados do gênero projeto cultural, serão acionados conceitos de autor-criador, campo/esfera, signo ideológico, forma arquitetônica, gêneros discursivos e relações dialógicas da teoria bakhtinana, tomando como corpus 9 projetos culturais aprovados em 3 leis de incentivo.

As considerações têm início com a fala de Sheila se posicionando sobre a necessidade de haver reformulações no texto, principalmente no que tange à delimitação temática. Aponta a importância de o texto apresentar, com vistas à revista a ser submetido, uma estrutura canônica, com a escolha de uma das noções apresentadas e tratar com profundidade tal questão, pois isto é que constitui a finalidade de um artigo. Foi sugerida a seguinte estrutura para o texto: na introdução, apresentar o objetivo de forma clara e delimitada, anunciando o referencial teórico adotado e o material que servirá de corpus para o estudo. Na segunda seção do artigo, uma discussão sobre as especificidades projeto cultural deve ser empreendida; em seguida, uma discussão profunda sobre a questão da autoria com base na teoria do Círculo de Bakhtin, para, enfim, concluir o estudo com uma seção analítica dos enunciados analisados, acompanhada das considerações finais (e referências).

Durante a discussão, Urbano fez considerações sobre a quantidade de projetos que constituiu o estudo. E sugeriu que talvez fosse mais interessante, considerando a extensão do trabalho e o objetivo do artigo, de redução na quantidade de projetos a serem analisados, sugerindo que sejam tomados 3 projetos que atendam ao propósito de analisar as 3 diferentes formas de autoria dos projetos culturais, ou seja, a partir da discussão da existência de um autor-artista, um autor-formatador e um autor-coletivo, buscar no corpus dados que comprovem essas três formas de autoria de projeto cultural na esfera político-cultural brasileira. Artur problematizou sobre a quantidade dos conceitos mobilizados para o artigo e todos concordaram que o artigo traria uma contribuição relevante, se fosse escolhido um dos temas e lhe fosse dado um tratamento aprofundado

E então, o debate continuou com a discussão sobre como o tema da autoria foi tratado nos textos do Círculo e como ele pode ser discutido no artigo. Inti apresentou as diferentes formas que, em sua forma arquitetônica, os 3 tipos de autoria encontrados nos projetos objeto de sua pesquisa de mestrado se manifestam.

Foi uma reunião de extrema contribuição para a discussão de importante conceito do Círculo para análise de enunciados em língua portuguesa.

A reunião foi finalizada com Sheila pontuando o interesse de dois membros do subgrupo de realizar doutorado sanduíche, da importância de os artigos produzidos e discutidos serem submetidos às revistas, pois essa é a razão do modus operandi das reuniões do grupo nesse ano.

Como encaminhamentos, ficou decidido que no próximo encontro discutiremos o artigo já produzido por Artur e Sheila sobre “Letramento Digital”, acompanhado dos pareceres avaliativos, e em novembro discutiremos o novo artigo de Inti, a partir das considerações apresentadas.

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O SUBGRUPO DE PESQUISA TEORIA BAKHTINIANA NO I CIED DA USP

Por Urbano Cavalcante Filho

 O V Encontro do Subgrupo de Pesquisa, liderado pela Profa. Dra. Sheila Grillo, deu-se, durante o I CIED – Congresso Internacional de Estudos do Discurso da USP, evento promovido pelo Grupo de Pesquisa em Estudos do Discurso da USP (GEDUSP/CNPq), ocorrido de 06 a 08 de agosto de 2014, contando com a participação da Profa. Sheila na Comissão Organizadora do evento e o integrante Urbano Cavalcante Filho como Comissão de Apoio.

Nesse congresso, os integrantes do subgrupo de pesquisa tiveram a oportunidade de expor as pesquisas que vêm desenvolvendo, por meio de apresentações em mesas temáticas, comunicações individuais e conferências plenárias.

A abertura oficial do evento teve início na manhã do dia 06/08/2014 com as boas-vindas feitas pela Comissão Organizadora do evento, professores do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da FFLCH-USP e membros do GEDUSP, e pela Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa.

abertura

O início das atividades do evento deu-se com a conferência de abertura “De l’interdisciplinarité dans les sciences humaines et sociales et la place des sciences du langage proferida em português pelo prof. Dr. Patrick Charaudeau (Université Paris 13).

charaudeau

Na tarde do dia 06/08/2014, a integrante e líder do nosso subgrupo, Profa. Dra. Sheila Grillo, coordenou a Mesa Temática “A teoria bakhtiniana em pesquisas atuais”, contando com os trabalhos das seguintes professoras pesquisadoras:

  1. “Alteridade e posicionamento axiológico em práticas discursivas midiáticas”, da Profa. Dra. Maria Bernadete Fernandes de Oliveira, da UFRN;
  2. “A questão da pontuação nos manuais didáticos: entre o assumido e o realizado”, da Profa. Dra. Maria da Penha Casado Alves, também da UFRN; e
  3. “Marxismo e Filosofia da Linguagem: a obra e seu contexto intelectual”, da Profa. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo (USP).

sheila

maria bernadete - maria da penha e sheila vieira

ana zandwais e geraldo tadeu

Nessa mesma tarde, na sessão 07 sobre Análise do Discurso, a integrante do grupo Arlete Machado Fernandes Higashi apresentou sua comunicação individual intitulada “Os museus de ciência à luz da teoria dialógica do Círculo de Bakhtin”, enquanto que na seção 08 sobre Teoria Bakhtiniana, outra integrante do grupo, Inti Anny Queiroz, apresentava seu trabalho “Processos de criação no gênero do discurso projeto cultural: autoria e forma arquitetônica”. Nesse evento, outro membro integrante de nosso subgrupo teve seu trabalho intitulado “A produtividade da concepção bakhtiniana de esferas ideológicas para análise de enunciados da revista Ciência Hoje nas décadas de 1990 e 2000” aprovado para comunicação individual. A Profa. Dra. Simone Ribeiro Ávila Veloso, integrante de nosso subgrupo de pesquisa também participou do I CIED na condição de ouvinte.

Outro membro do grupo, o doutorando Urbano Cavalcante Filho, apresentou seu trabalho intitulado “Pelas veredas da teoria bakhtiniana: a elaboração epistemológica do conceito de arquitetônica”, na Seção 25 dedicada à Teoria Bakhtiniana, no dia 07/08/2014.

urbano apresentando trabalho

Nesse evento, ainda sobre os estudos bakhtinianos, destacamos os seguintes trabalhos apresentados:

1. A conferência plenária proferida pela Profa. Dra. Ana Zandwais, da UFRGS, com o tema “As Influências dos Pressupostos Filosóficos do Círculo de Bakhtin Para a Construção de Teorias Enunciativas e Discursivas”;

2. A mesa redonda “Perspectivas teórico-metodológicas do discurso na perspectiva bakhtiniana”, coordenada pela Profa. Dra. Maria Inês Batista Campos (USP), com os seguintes trabalhos:

a. “Ponto de vista e interpretação como modo de perceber, compreender, sentir e se posicionar”, da Profa. Dra. Dóris Arruda da UFPE;

b. “Em busca da unidade e da unicidade da comunicação dialógica na obra plurilíngue do Círculo de Bakhtin”, do Prof. Dr. Geraldo Tadeu Souza, da UFScar; e

c. “A dor e o exílio de A criatura dócil: fronteiras estéticas e éticas”, da Profa. Dra. Maria Inês Batista Campos da USP.

ana e maria ines

Sob a apresentação e coordenação da Profa. Sheila Grillo, o evento acaba com a conferência de encerramento proferida pela Profa. Dra. Beth Brait (USP-PUC/SP), com o tema “Discursos de resistência na arte e na vida”.

conferencia encerramento beth brait

zilda

discussão beth

Foi um evento de extrema relevância aos pesquisadores interessados nos estudos no discurso. Além disso, foi bastante produtivo e enriquecedor para os membros do subgrupo de pesquisa Teoria Bakhtiniana a participação no I CIED.

Lembramos aos nossos leitores que, por se tratar de um evento itinerante, o II CIED ocorrerá na Universidade do Porto (Portugal). Programem-se e participem!!!

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IV ENCONTRO DO SUBGRUPO DE PESQUISA TEORIA BAKHTINIANA DO GEDUSP

Por Urbano Cavalcante Filho 

Em 16/06/2014, tivemos nossa quarta reunião do Subgrupo de pesquisa Teoria Bakhtiniana (GEDUSP/CNPq). Sob a coordenação da Profª Drª Sheila Vieira de Camargo Grillo, estavam presentes no encontro os seguintes membros pesquisadores: os doutorandos Luiz Rosalvo Costa e Urbano Cavalcante Filho e as mestres Inti Queiroz e Arlete Higashi.

Neste último encontro do primeiro semestre de 2014, a pauta da reunião foi a apresentação e discussão da terceira proposta de artigo do grupo, com vistas ao envio para avaliação editorial de revistas científicas[1]. O artigo, de autoria de Luiz Rosalvo Costa, intitulado “A produtividade do conceito de esferas ideológicas para a análise de enunciados da revista Ciência Hoje”, se propõe a discutir como o conceito bakhtiniano de “esferas ideológicas” constitui um profícuo instrumento teórico para estudo e análise de enunciados de divulgação científica. A proposta do artigo se pauta, primordialmente, nos postulados teóricos do círculo de Bakhtin, mobilizando os conceitos de enunciado, esfera ideológica e gênero discursivo.

Durante a discussão do artigo, foram feitas considerações por parte dos presentes, no que diz respeito à originalidade do tema escolhido, à pertinência e boa delimitação dos objetivos do artigo, a coerência na escolha do aporte teórico, bem como a estrutura do artigo e as análises efetivadas. Da reflexão proposta pelo autor no artigo, o debate se desenrolou na discussão de importantes pontos do texto, além da apresentação de sugestões para o acabamento do artigo. Das principais questões postas, podemos resumir a discussão nos seguintes pontos:

i)              A necessidade de, na seção teórica do tratamento das esferas, apresentar a definição desse conceito que é nuclear no artigo, bem como, em nota de rodapé, mostrar os outros termos também utilizados pelos autores do círculo ao tratar desse conceito (esferas ideológicas, esferas de comunicação, esferas da atividade humana);

ii)            Em virtude das várias acepções e abordagens sobre a divulgação científica, foi sugerida a apresentação do conceito de divulgação científica assumida no artigo;

iii)          Considerando que o artigo toma como corpus de análise dois enunciados da revista Ciência Hoje (um editorial e uma carta ao leitor), sugeriu-se uma discussão sobre a questão dos gêneros discursivos, já que, embora os dois gêneros apresentem características semelhantes quanto ao suporte, à esfera de circulação, inscrição de um discurso específico, liminaridade, entre outros, também apresentam elementos diferentes em sua arquitetura.

Após a profícua discussão da excelente proposta de artigo do Luiz Rosalvo, o grupo montou a agenda de encontros do subgrupo para o próximo semestre, ficando assim estabelecido:

ENCONTROS DO II SEMESTRE DE 2014

Encontro

Data

Horário

Pauta

I

Agosto

Participação no I CIED – Congresso Internacional de Estudos do Discurso – USP

II

15/Set

16h

Apresentação e discussão da proposta de artigo de Inti Queiroz

III

20/Out

16h

Apresentação e discussão da proposta de artigo de Arlete Higashi

IV

17/Nov

16h

Discussão da recém-lançada obra de Mikhail Bakhtin “Questões de estilística no ensino da língua”, traduzido do russo por Sheila Grillo e Ekaterina Vólkova Américo (Editora 34, 2013).

 

[1] O primeiro artigo foi de autoria de Sheila Grillo e Artur Modolo sobre Letramento Digital (abril/2014), o segundo de autoria de Urbano Cavalcante Filho sobre Divulgação científica no século XIX (maio/2014).

 

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Reiniciando os trabalhos – temporada de estudos de 2014

por Flávia Machado

Em 2014, o subgrupo do GEDUSP (Grupo de Estudos do Discurso da USP) liderado pela Profa. Dra. Sheila Vieira de Camargo Grillo, apresenta uma nova dinâmica de trabalho. As reuniões serão mensais e, a cada encontro, um integrante do grupo terá um artigo seu (ainda no prelo) colocado em pauta para discussão antes de ser enviado para avaliação editorial de revistas científicas. Em breve, postaremos os resultados da nossa primeira reunião. Até lá!

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